segunda-feira, 21 de setembro de 2009


Carta

Não falei contigoCom medo que os montes e vales que me achasCaíssem a teus pés...Acredito e entendoQue a estabilidade lógicaDe quem não quer explodirFaça bem ao escudo que és...

Que vou sugando e aceitando
Como fruto de Verão
Nos jardins do teu beijo...
Mas sinto que sabes que sentes também
Que num dia maior serás trapézio sem rede
A pairar sobre o mundo
Em tudo o que vejo...
Que sou mago feiticeiro
Que a minha bola de cristal é folha de papel
Nela te pinto nua, nua
Numa chama minha e tua.
Que o teu destino foi inventado
Por gira-discos estragados
Aos quais te vais moldando...
E todo o teu planeamento estratégico
De sincronização do coração
São leis como paredes e tectos
Cujos vidros vais pisando...
Por cima de todos os teus números
Raízes quadradas de somas subtraídas
Sempre com a mesma solução...
Podias deixar de fazer da vida
Um ciclo vicioso
Harmonioso ao teu gesto mimado
E à palma da tua mão...
Que sou mago feiticeiro
Que a minha bola de cristal é folha de papel
Nela te pinto nua, nua
Numa chama minha e tua.
Numa chama minha e tua.
Sem pedir autorização por escrito
Ao sindicato dos deuses...
Mas não fui eu que te escolhi.
Desculpa se te usei
Como refúgio dos meus sentidos
Pedaço de silêncios perdidos
Que voltei a encontrar em ti...
Que sou mago feiticeiro...
Numa chama minha e tua.
Numa chama minha e tua.
O tiro passou-me ao lado
Ainda magoas alguém...
Se não te deste a ninguém
Magoaste alguém
A mim... passou-me ao lado.
A mim... passou-me ao lado.
Saudade é o ar
É que hoje acordei e lembrei-me
Desconfio que ainda não reparaste
Anseio o dia em que acordares
É que hoje acordei e lembrei-me
Desculpa se te fiz fogo e noite
É que hoje acordei e lembrei-me
...nela te pinto nua, nua
Ainda magoas alguém

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