terça-feira, 14 de abril de 2009

A mulher boazinha

Bom pessoal, estou trabalhando como nunca o feriado serviu para aglomerar processos na minha mesa, faz tempo queria postar esse texto...Estou longe de ser uma mulher boazinha em virtude disso esta ai esse texto mara da Martha Medeiros



Qual o elogio que uma mulher adora receber?
Bom, se você está com tempo, pode-se listar aqui uns setecentos:mulher adora que verbalizem seus atributos, sejam eles físicos ou morais.
Diga que ela é uma mulher inteligente, e ela irá com a sua cara.
Diga que ela tem um ótimo caráter e um corpo que é uma provocação,e ela decorará o seu número.
Fale do seu olhar, da sua pele, do seu sorriso, da sua presença de espírito,da sua aura de mistério, de como ela tem classe:ela achará você muito observador e lhe dará uma cópia da chave de casa.
Mas não pense que o jogo está ganho: manter o cargo vai depender da sua perspicácia para encontrar novas qualidades nessa mulher poderosa, absoluta.
Diga que ela cozinha melhor que a sua mãe,que ela tem uma voz que faz você pensar obscenidades,que ela é um avião no mundo dos negócios.
Fale sobre sua competência, seu senso de oportunidade,seu bom gosto musical.
Agora quer ver o mundo cair?
Diga que ela é muito boazinha.
Descreva aí uma mulher boazinha.
Voz fina, roupas pastel, calçados rente ao chão.
Aceita encomendas de doces, contribui para a igreja,cuida dos sobrinhos nos finais de semana.
Disponível, serena, previsível, nunca foi vista negando um favor.
Nunca teve um chilique.
Nunca colocou os pés num show de rock.
É queridinha.
Pequeninha.
Educadinha.
Enfim, uma mulher boazinha.
Fomos boazinhas por séculos.
Engolíamos tudo e fingíamos não ver nada, ceguinhas.
Vivíamos no nosso mundinho, rodeadas de panelinhas e nenezinhos.
A vida feminina era esse frege: bordados, paredes brancas,crucifixo em cima da cama, tudo certinho.
Passamos um tempão assim, comportadinhas, enquanto íamos alimentando um desejo incontrolável de virar a mesa.Quietinhas, mas inquietas.Até que chegou o dia em que deixamos de ser as coitadinhas.
Ninguém mais fala em namoradinhas do Brasil: somos atrizes,estrelas, profissionais.
Adolescentes não são mais brotinhos: são garotas da geração teen.
Ser chamada de patricinha é ofensa mortal.Pitchulinha é coisa de retardada.Quem gosta de diminutivos, definha.
Ser boazinha não tem nada a ver com ser generosa.Ser boa é bom, ser boazinha é péssimo.
As boazinhas não têm defeitos.Não têm atitude.
Conformam-se com a coadjuvância.PH neutro.Ser chamada de boazinha, mesmo com a melhor das intenções,é o pior dos desaforos.
Mulheres bacanas, complicadas, batalhadoras, persistentes, ciumentas,apressadas, é isso que somos hoje.Merecemos adjetivos velozes, produtivos, enigmáticos.

As “inhas” não moram mais aqui.Foram para o espaço, sozinhas.

P.S: A garota malvadinha deseja uma super semana a todos, ah nunca fui boazinha.

Um comentário:

Flavio Ferrari disse...

Concordo com a "C".
Só para falar da minha garota (não queria, mas acabo fazendo juz ao uso do pronome possessivo), que é linda, inteligente, caliente, brutalmente eficiente em tudo o que faz, carinhosa, gostosa, companheira, honesta no sentido mais lindo da palavra, sedutora, bem humorada, safada quando convém, etc, etc ... também é boazinha comigo.
Tem horas que a gente precisa de uma mulher boazinha.
As mulheres costumam detestar os homens bonzinhos (a carga negativa do adjetivo vale para o sexo oposto também).
Mas naquele dia em que a gente está um caco, arrebentado, com gripe, torcendo para que depois de amanhã fosse ontem, e ela (ou ele) faz um chá de folhas de hortelã com mel, diminui a luz da sala, coloca a cabeça da gente no colo, faz um cafuné gostoso, conversa leve lembrando de momentos divertidos da vida ... assim, boazinha (ou bonzinho) mesmo ...
que delícia...
Para os outros momentos, o adjetivo da moda para a mulher moderna é "levada".